LUDGERO ALMEIDA
Despertar ante a invasão - Faculdade de Filosofia. 2017. Carvão e óleo sobre tela. 70x100cm.
Conversações e maus costumes - Faculdade de Filosofia. 2017. Carvão e óleo sobre tela. 70x100cm.
Sofá e letargia. 2016. Óleo sobre tela. 55x75cm.
Uma palavra sobre o domínio do mundo - Comício Prestes. Acrílico e óleo sobre tela. 80x140 cm. 2017
Conspiração sobre a mesa II. Óleo sobre tela. 80x130cm, 2017
Sobre o nascimento dos heróis ou o juízo de uma morte antecipada - Marighella. 2017. Óleo sobre tela, 70x100cm.
Sobre a mesa e as convenções - Comício de Prestes. 2017. Carvão, tinta acrílica e óleo sobre tela, 55x75cm.
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SOBRE O NASCIMENTO DAS CONFABULAÇÕES 2017
“Hasta que los leones tengan sus propios historiadores, las historias de cacería seguirán glorificando al cazador”
Provérbio africano
Este projecto surge de um conjunto de fotografias recolhidas pela investigação do "Brasil Nunca Mais”, desenvolvido pelo Conselho Mundial de Igrejas e pela Arquidiocese de São Paulo nos anos 1980 na tentativa de evitar que os processos judiciais por crimes políticos fossem destruídos com o fim da ditadura militar. Este conjunto de fotografias foi feita durante a ditadura militar brasileira com o intuito de vigiar e policiar os movimentos estudantis e as organizações sindicais.
Peguei nessas imagens para revisitar o passado recente brasileiro, marcado pela ditadura militar e seu poder silenciador, expondo ao nosso olhar lugares inertes que foram a seu tempo lugares de reuniões, de festas ou de comícios, nos quais se idealizou novas possibilidades para a sociedade. Sente-se uma estranheza confinada a estes espaços interiores – vazios, inoperantes e lancinantes – que remetem a uma ausência. O humano parece ter desvanecido daquelas imagens, como se tivesse sumido para a história, e dele só restassem os indícios.
São imagens como ruínas que esmorecem ante a relutância do tempo, mas se atentarmos, quiçá, o espaço e o tempo se transmutem e ordenem como espaço e tempo simbólicos e consigamos na ausência ver a presença, no silêncio o som, naquilo que foi abafado e silenciado, uma voz ativa e relutante.
Ludgero Almeida 2017